Schneckenbrot (Chineque)

Schnekenbrot (Chineque). Foto de NastyaSensei.

O Schneckenbrot ou Schnecken Brot, também conhecido como Schnecke, é um tipo de pão ou doce de massa em forma de caracol (daí o nome “Schnecke”, que significa “caracol” em alemão). É um pão bastante comum nos países de língua alemã, com variações em várias regiões e diferentes formas de preparo. No Brasil, recebeu o nome aportuguesado de Chineque e é bastante popular no Sul do país, especialmente em Santa Catarina e no Paraná e, assim como acontece na Europa, o Chineque tem variações de recheios e coberturas, todos deliciosos. E aqui, como lá, é um acompanhamento perfeito para uma xícara de café.

O Schneckenbrot tem muitas variações, dependendo da região e dos ingredientes disponíveis. Aqui estão algumas das variações mais comuns:

Mohnschnecke: Feita com sementes de papoula moídas, essa versão é muito popular na Alemanha e Áustria, especialmente nas regiões do leste. O recheio de papoula dá uma textura e sabor únicos, apreciados por muitos.

Nussschnecke: Talvez a variação mais conhecida, esta versão é feita com recheio de nozes moídas, açúcar e canela. A massa é enrolada com o recheio e, após assada, às vezes recebe uma cobertura de glacê. É particularmente popular na Alemanha e Áustria.

Rosinenschnecke: Um tipo de Schnecke que contém passas no recheio. As passas são geralmente embebidas em rum ou outro licor para dar mais sabor, e a massa é frequentemente coberta com um glacê açucarado após ser assada.

Zimtschnecke: Versão semelhante ao Cinnamon Roll americano, a Zimtschnecke (caracol de canela) é feita com um recheio de açúcar, canela e manteiga. Esta variação é extremamente popular em toda a Alemanha e Suíça.

Puddingschnecke: Esta variação é feita com um recheio de creme de baunilha, semelhante a um pudim, o que dá uma textura mais cremosa e úmida. É comumente encontrada em confeitarias de Viena e outras regiões austríacas.

Apfelschnecke: Uma versão com recheio de maçãs cortadas ou em purê, combinadas com canela e açúcar. Esta variação é mais comum no sul da Alemanha e Áustria, onde as maçãs são um ingrediente amplamente utilizado em sobremesas.

Ingredientes

MASSA

  • 200g farinha de trigo
  • 20g açúcar
  • 5g fermento biológico seco (meio pacote)
  • 70ml água filtrada
  • 1/4 colher (chá) de sal
  • 1 ovos médios batidos
  • 40g manteiga sem sal, amolecida
  • 1 ovo médio batido com uma pitada de sal para pincelar
  • Recheio de sua preferência (ver descrições acima e sugestões logo abaixo

Modo de fazer:

1- Em uma tigela grande, misture bem o fermento, o açúcar, a água e 100g de farinha até homogeneizar. tampe a tigela ou cubra com um pano úmido ou plástico filme e deixe fermentar entre 30 e 60 minutos em lugar protegido, até dobrar de volume. Este é o pré-fermento e esse método garante mais força e mais sabor para a massa.

2- Passado o tempo, acrescente o restante da farinha, o sal e o ovo. Misture bem até dar liga.

3- Junte a manteiga e misture até incorporar. Cubra e deixe descansar por 10 minutos.

4- Sove a massa usando o método de dobras*, até que fique lisa. Cubra e deixe crescer até dobrar de tamanho
*No método de dobras, você deve umedecer as mãos e puxar as pontas para o centro da massa. Pegue uma porção da extremidade, puxe até o centro. Vire a tigela um pouco e repita a operação. No total, você deve fazer este processo oito vezes até puxar toda a extremidade para o centro. Cubra e deixe descansar por 10 minutos. Passado o tempo, repita as dobras. Você notará que a massa vai estar um pouco mais elástica. Torne a cobrir e repita a operação 5 vezes no total antes de cobrir e deixar crescer até dobrar de tamanho.

5- Enfarinhe levemente uma superfície de trabalho. Abra a massa em formato retangular com cerca de 3mm de altura e pincele o ovo batido com a pitada de sal

6- Pincele ou polvilhe o recheio (veja sugestões abaixo)

7- Enrole a massa a partir de um lado largo, de modo a obter um cilindro comprido no final.

8- Corte o cilindro em fatias com cerca de 2cm de espessura (nesta receita, 12 a 13 fatias)

9- Disponha as fatias em uma assadeira untada e levemente enfarinhada. Escolha uma assadeira que permita aos rolinhos ficarem juntos mas não apertados demais; isso permitirá que cresçam para cima sem abrir. O ideal é que fiquem separados por cerca de 2cm antes de crescer novamente.

10- Cubra e deixe crescer até quase dobrar de tamanho.

11- Pré-aqueça o forno a 220 graus por 20 a 30 minutos. Deixe uma assadeira no fundo do forno para aquecer.

12- Coloque a forma no forno e despeje 1 copo de água na forma aquecida para formar vapor. Feche a porta do forno imediatamente e diminua a temperatura para 190 graus. O vapor vai ajudar na cor e na maciez da massa.

13- Deixe assar por 15 a 20 minutos, até dourar.

14- Retire do forno, desenforme ainda quente e coloque sobre uma grade para esfriarem sem umedecer o fundo.

15- Cubra com a cobertura desejada (veja sugestões abaixo.

SUGESTÕES DE RECHEIO:

Note que algumas sugestões podem ser espalhadas com uma colher mas, outras, mais consistentes, precisam ser espalhadas com a ajuda de um saco de confeitar para não rasgar a massa do pão. Tenha cuidado com a quantidade de recheio porque os chineques ainda vão crescer e o recheio pode vazar.

  • Mistura de açúcar com canela à gosto
  • Pasta com 40g de manteiga derretida, 50g de açúcar e 50g de coco ralado
  • Geleia de frutas (a gosto)
  • Brigadeiro em ponto de colher
  • Doce de leite em pasta
  • Pincele 40g de manteiga derretida e espalhe nozes moídas (cerca de 50g)
  • Purê de maçã (veja a receita do Apfelmuss aqui)
  • Pincele 40g de manteiga derretida e espalhe uvas passas embebidas em rum (deixe marinando pelo menos 24h), drenadas

SUGESTOES DE COBERTURA:

  • Aqueça 1 xícara de açúcar de confeiteiro com 1/2 xícara de leite, sem ferver. Despeje sobre os Schnecken assim que estiverem assados e volte ao forno por mais 5 a 10 minutos para secar.
  • Pincele manteiga e polvilhe açúcar de confeiteiro
  • Pincele geleia de damasco rala sobre os Schnecken assim que desenformar

Pratos do verão alemão

O verão na Alemanha, Áustria e Suíça de língua alemã traz dias mais longos, temperaturas agradáveis e uma transformação nas mesas de jantar. Enquanto o inverno é marcado por pratos substanciais e reconfortantes, o verão é uma época para refeições mais leves e frescas, perfeitas para serem apreciadas ao ar livre. Durante os meses mais quentes, a culinária de países de língua alemã reflete essa mudança, com pratos sazonais que utilizam ingredientes frescos, como vegetais, frutas e peixes, além de opções refrescantes que ajudam a enfrentar o calor.

Aqui estão alguns dos pratos típicos que alemães, austríacos e suíços consomem no verão:

Saladas Frescas e Coloridas

Saladas frescas são uma parte essencial das refeições de verão na Alemanha e nos países vizinhos. Com vegetais frescos disponíveis em abundância, as saladas costumam ser simples, mas deliciosas, e servem como prato principal ou acompanhamento.

  • Gurkensalat (Salada de Pepino): O pepino é um ingrediente que brilha no verão. Uma das saladas mais populares é o Gurkensalat, uma salada de pepino cortado finamente, temperado com vinagre, ervas frescas, creme de leite ou iogurte. Ela é leve, refrescante e complementa pratos grelhados ou sanduíches.
  • Kartoffelsalat (Salada de Batata): Um clássico que pode ser servido tanto quente quanto frio, a Kartoffelsalat de verão é frequentemente preparada com vinagre e óleo, em vez de maionese, para uma versão mais leve. Combinada com cebola, pepinos em conserva e ervas, esta salada é um acompanhamento perfeito para carnes grelhadas e salsichas.
  • Salada de Aspargos: Na Alemanha, a temporada de aspargos (chamada de “Spargelzeit”) é um grande evento, e o vegetal é amplamente consumido no final da primavera e início do verão. A salada de aspargos brancos ou verdes, misturados com tomates, ervas e molho vinagrete, é uma escolha refrescante para os dias quentes.

Churrascos de Verão (Grillen)

Assim como em muitos outros países, o verão na Alemanha, Áustria e Suíça é sinônimo de churrascos ao ar livre, conhecidos localmente como Grillen. Seja em parques públicos, varandas ou quintais, as famílias alemãs gostam de reunir-se em torno da grelha para saborear carnes e vegetais grelhados.

  • Bratwurst: Talvez a estrela dos churrascos alemães, a Bratwurst é uma salsicha de porco grelhada, que ganha um sabor especial quando cozida na brasa. É servida com mostarda, pão fresco e acompanhada de salada de batata ou chucrute.
  • Gemüse vom Grill (Vegetais Grelhados): Vegetais frescos como abobrinhas, pimentões, cogumelos e cebolas são grelhados com azeite e temperos. Os vegetarianos também desfrutam de opções como queijo Halloumi grelhado ou Tofu, que se tornaram cada vez mais populares no verão.
  • Steaks e Frango: Além das salsichas, bifes de carne bovina, costelas e frango marinados são escolhas comuns para os churrascos de verão, acompanhados de pães rústicos, molhos e saladas.

Sopas Frias e Refrescantes

Durante os dias mais quentes, sopas frias se tornam uma alternativa leve e refrescante às sopas quentes consumidas nos meses frios. Elas são preparadas com ingredientes frescos e muitas vezes servidas como entrada ou até mesmo como prato principal.

  • Gurkensuppe (Sopa de Pepino Fria): Esta sopa cremosa é feita de pepino fresco, iogurte e ervas como endro e hortelã. A Gurkensuppe é uma escolha refrescante para os dias mais quentes e frequentemente servida gelada.
  • Biersuppe: Embora soe incomum, a sopa de cerveja é uma tradição em algumas partes da Alemanha. No verão, ela é preparada de forma mais leve e, em algumas variações, é servida fria com uma base de cerveja leve, combinada com creme, ovo e especiarias, resultando em uma sopa rica e refrescante.

Peixes Frescos e Frutos do Mar

Com sua proximidade ao Mar do Norte e ao Mar Báltico, o peixe fresco é uma parte importante da dieta de verão, especialmente nas regiões do norte da Alemanha e em áreas de lagos na Áustria e Suíça.

  • Matjes: Um dos pratos mais populares no verão alemão, o Matjes é arenque fresco em conserva, servido com cebolas, maçãs, batatas ou creme azedo. Este prato é apreciado nas cidades costeiras e é um exemplo da influência marítima na culinária alemã.
  • Forelle (Truta): Nos lagos alpinos da Áustria e Suíça, a truta é comum nos cardápios de verão. Ela é geralmente grelhada ou cozida e servida com saladas ou legumes. Na Suíça, a truta à moda suíça é acompanhada de manteiga e amêndoas.

Pratos de Frutas Frescas

O verão também traz uma grande quantidade de frutas frescas, que são aproveitadas tanto em sobremesas quanto em pratos principais.

  • Rote Grütze: Uma sobremesa clássica do norte da Alemanha, Rote Grütze é feita com frutas vermelhas da estação, como morangos, cerejas, framboesas e groselhas, cozidas até formar uma compota. É servida com creme de baunilha ou sorvete e é extremamente refrescante nos dias de calor.
  • Marillenknödel (Bolinhos de Damasco): Um prato tradicional austríaco de verão, esses bolinhos doces são feitos com damascos frescos envolvidos em uma massa de batata ou semolina, cozidos e depois cobertos com açúcar, canela e migalhas de pão torrado. Servidos quentes ou frios, são uma delícia para o verão.

Bebidas Refrescantes

As bebidas de verão na Alemanha, Áustria e Suíça também têm destaque, e muitas delas são ideais para acompanhar os pratos leves da estação.

  • Radler: Uma bebida popular no verão, o Radler é uma mistura de cerveja e limonada, com baixo teor alcoólico e extremamente refrescante. Esta bebida leve é frequentemente consumida em biergartens (jardins de cerveja) ao ar livre.
  • Apfelschorle: Para quem prefere uma opção não alcoólica, o Apfelschorle é uma mistura de suco de maçã e água com gás, amplamente consumido no verão e em atividades ao ar livre.
  • Weinschorle: Uma mistura de vinho branco ou rosé com água com gás, a Weinschorle é outra bebida refrescante apreciada nos dias quentes, especialmente nas regiões vinícolas da Alemanha e Áustria.

Conclusão: A Leveza do Verão na Culinária Alemã

O verão na Alemanha, Áustria e Suíça de língua alemã é uma época de refeições ao ar livre, ingredientes frescos e pratos leves que refletem a mudança das estações. Com saladas refrescantes, churrascos saborosos, sopas frias e frutas da estação, a culinária dos meses quentes é uma celebração da simplicidade e frescor. Seja em uma tarde em um biergarten, um piquenique nos Alpes ou um churrasco no quintal, a comida de verão alemã é sinônimo de sabor e descontração.

As refeições do dia-a-dia na Alemanha

Mesa posta para um almoço alemão

As três principais refeições do dia na Alemanha são estruturadas de forma simples, mas com uma grande variedade de alimentos que refletem tanto tradições regionais quanto influências modernas. Vamos detalhar cada uma:

1. Café da manhã (Frühstück)

O café da manhã na Alemanha é uma refeição farta e diversificada, considerada uma das mais importantes do dia. Ele costuma ser simples, mas nutritivo, com uma combinação de pães, frios e laticínios.

Alimentos comuns:

  • Pães (Brötchen ou Brot): Pães variados, como pãezinhos frescos (Brötchen), baguetes ou fatias de pão integral (Vollkornbrot) são a base do café da manhã. Eles são acompanhados de uma grande variedade de recheios.
  • Queijos e frios (Wurst, Schinken): Presunto (Schinken), salames (Wurst) e queijos são frequentemente servidos para montar sanduíches.
  • Manteiga e geleias: Manteiga é essencial para passar no pão, e geleias de frutas como morango, damasco e framboesa são bastante populares.
  • Ovos: Ovos cozidos ou mexidos também são comuns, muitas vezes temperados de forma simples.
  • Iogurtes e cereais: Em uma versão mais leve, muitos alemães consomem iogurte com frutas e granola ou cereais.
  • Café e chá: Café é a bebida mais comum, embora chá também seja popular, especialmente no inverno.

2. Almoço (Mittagessen)

O almoço tradicionalmente é a refeição mais substancial do dia. Nas regiões rurais e entre as gerações mais velhas, isso ainda é verdade, mas com a vida moderna e rotinas de trabalho, o almoço pode variar em peso, dependendo da região e do estilo de vida.

Alimentos comuns:

  • Pratos de carne: Pratos como Sauerbraten (carne marinada e assada) ou Schnitzel (bife à milanesa) são bastante comuns. Carnes como porco, vitela e frango são amplamente consumidas.
  • Batatas (Kartoffeln): As batatas são um acompanhamento essencial e aparecem de várias formas: cozidas, fritas (Bratkartoffeln) ou em purê.
  • Massa (Spätzle ou Nudeln): A massa também é uma escolha popular, especialmente na forma de Spätzle (um tipo de massa de ovo típica do sul da Alemanha) ou macarrão.
  • Vegetais: Couve, repolho roxo (Rotkohl) e cenouras são acompanhamentos frequentes.
  • Sopas (Suppe): Sopas como Eintopf (um ensopado de vegetais e carne) são apreciadas, especialmente no inverno.

Almoços rápidos no dia a dia: Para quem trabalha, um prato mais simples como Currywurst (salsicha com molho de curry) com batatas fritas ou um Frikadelle (almôndega de carne) com salada é comum em cantinas e restaurantes.

3. Jantar (Abendessen ou Abendbrot)

O jantar tradicional alemão, conhecido como Abendbrot (literalmente, “pão da noite”), é uma refeição mais leve, servida tipicamente com pães, frios e acompanhamentos simples. Com a modernidade, algumas famílias adotaram refeições quentes à noite, especialmente nos finais de semana.

Alimentos comuns:

  • Pão com frios: O pão volta a ser protagonista, acompanhado de frios como presunto, salame, patês e queijos.
  • Saladas: Saladas simples com vegetais frescos, como pepinos, tomates e folhas verdes, são frequentemente servidas.
  • Peixes defumados: Peixes como arenque ou salmão defumado são comuns, especialmente nas regiões costeiras.
  • Sopas leves: Sopas mais leves, como sopa de batata ou caldo de galinha, podem ser consumidas à noite.

Os sabores regionais da gastronomia alemã

Vista parcial da cozinha com o forno.  Casa de Martinho Lutero em Wittenberg, Alemanha.

A gastronomia alemã é profundamente marcada pelas tradições regionais. Cada área do país tem seus ingredientes, pratos e estilos culinários próprios, influenciados pela geografia e pelas culturas vizinhas. Além disso, a culinária austríaca e suíça de língua alemã têm fortes laços com a cozinha alemã, compartilhando muitos pratos e tradições. Vamos explorar algumas das especialidades culinárias mais famosas dessas regiões.

Baviera: a terra da cerveja e dos pratos robustos

Baviera, no sul da Alemanha, é uma das regiões mais famosas do país, especialmente pela sua tradição cervejeira e festas como a Oktoberfest. A culinária bávara é conhecida por pratos substanciais e ricos em sabores.

  • Weißwurst: Uma salsicha branca feita de carne de vitela e temperada com salsa, cebola e limão. Tradicionalmente, é servida com mostarda doce e pretzel.
  • Schweinshaxe: O famoso joelho de porco assado, com pele crocante e carne suculenta. Geralmente acompanhado de “Knödel” (bolinhos de batata) e chucrute.
  • Obatzda: Um queijo cremoso e temperado, feito de queijo camembert, manteiga, pimenta, cebola e páprica. É servido como aperitivo com pretzels em cervejarias e bares.

Renânia: sabores refinados e vinhos do Reno

A região da Renânia, situada ao longo do rio Reno, é conhecida pelos seus vinhos finos e pratos influenciados pela culinária francesa. Aqui, os ingredientes frescos da agricultura local e o vinho são elementos essenciais da culinária.

  • Sauerbraten: Um prato de carne assada, marinada em vinagre e especiarias por vários dias, resultando em um sabor ácido e profundo. É tradicionalmente servido com repolho roxo e “Kartoffelklöße” (bolinhos de batata).
  • Flammkuchen: Uma espécie de pizza fina coberta com creme de leite, cebola e bacon. Embora tenha origem na Alsácia, na França, é extremamente popular na Renânia.
  • Reibekuchen: Panquecas de batata fritas, geralmente servidas com molho de maçã ou creme de leite.

Saxônia: doçura e tradições Natalinas

A Saxônia, localizada no leste da Alemanha, é famosa por seus doces e pães tradicionais, especialmente durante o período de Natal. Esta região tem uma longa história de produção de doces, refletindo suas influências da culinária europeia central.

  • Dresdner Stollen: Um pão doce natalino, recheado com frutas secas, nozes e coberto com açúcar de confeiteiro. O Stollen de Dresden é um dos mais famosos e tradicionais.
  • Leipziger Allerlei: Um prato de vegetais cozidos, frequentemente servido com lagostins, cogumelos e molhos ricos, típico de Leipzig.
  • Sächsische Quarkkeulchen: Uma sobremesa tradicional feita de batatas e queijo quark, formando pequenas panquecas doces que são fritas e polvilhadas com açúcar e canela.

Aqui estão três exemplos de pratos típicos da culinária de Brandenburgo, seguindo o estilo do artigo:

Brandenburgo: sabores rústicos da região dos lagos e florestas

Localizada no nordeste da Alemanha, a região de Brandenburgo é conhecida por suas paisagens de lagos e florestas, influenciando profundamente sua culinária. Os pratos típicos são rústicos e refletem a abundância de produtos locais, como peixe de água doce, caça e vegetais frescos.

  • Brandenburger Apfelkaltschale: Uma sopa fria de maçã, muito apreciada durante os meses mais quentes. Feita com maçãs frescas, suco de limão, canela e um toque de açúcar, é uma combinação refrescante de doce e ácido. Essa sopa costuma ser servida como entrada ou sobremesa, celebrando a importância das frutas da região.
  • Teltower Rübchen: Pequenos nabos de Teltow, uma cidade perto de Berlim, são o ingrediente principal deste prato. Essas raízes têm um sabor doce e levemente apimentado, e são geralmente preparadas caramelizadas ou servidas com carne de caça. O “Teltower Rübchen” tem uma longa tradição na região e é um símbolo da culinária local.
  • Spreewaldgurken: Os famosos pepinos em conserva de Spreewald são uma iguaria de Brandenburgo. Cultivados na região pantanosa do Spreewald, eles são marinados em uma mistura de vinagre, ervas e especiarias, e são apreciados tanto como acompanhamento quanto como um lanche. Esses pepinos ganharam popularidade em toda a Alemanha e são um produto tradicional protegido pela União Europeia.

Hamburgo: a Influência do mar

No norte da Alemanha, Hamburgo é uma cidade portuária que trouxe uma forte influência da culinária escandinava e dos frutos do mar. Os pratos daqui são mais leves, com ênfase em peixes frescos e conservas.

  • Fischbrötchen: Um sanduíche de peixe popular, feito com arenque, salmão ou cavala, geralmente servido com cebolas, picles e molho remoulade.
  • Labskaus: Um prato tradicional de marinheiros, feito de carne bovina salgada e purê de batata, misturado com beterraba e servido com arenque, pepinos e ovos fritos.
  • Aalsuppe: Apesar do nome que sugere “sopa de enguia”, este prato nem sempre contém enguia. É uma sopa agridoce, feita com uma mistura de vegetais, carne e frutas secas, podendo ou não incluir enguia.

Hesse: a terra do Apfelwein

A região de Hesse, e em particular a cidade de Frankfurt, é famosa pelo “Apfelwein” (vinho de maçã) e por pratos simples, porém saborosos.

  • Frankfurter Grüne Soße: Um molho verde feito com sete ervas frescas misturadas com creme azedo ou iogurte, tradicionalmente servido com ovos cozidos ou batatas.
  • Handkäse mit Musik: Um tipo de queijo forte, fermentado, servido com cebolas cruas e vinagre, frequentemente acompanhado de pão e vinho de maçã.
  • Rippchen mit Kraut: Costelas de porco salgadas e cozidas, servidas com chucrute e purê de batatas.

Suábia: a terra das massas caseiras e pratos reconfortantes

A região da Suábia, localizada no sudoeste da Alemanha, é famosa por suas massas caseiras, pratos substanciais e uma forte tradição culinária que mistura simplicidade e conforto. A cozinha suábia é amplamente conhecida por seu uso criativo de ingredientes básicos, como farinha, ovos e batatas, resultando em pratos ricos e cheios de sabor.

  • Maultaschen: Muitas vezes chamadas de “raviolis alemães”, as Maultaschen são massas recheadas com carne, espinafre, pão e temperos. Tradicionalmente, elas são servidas em caldo ou salteadas com manteiga e cebolas. Diz-se que esse prato foi criado por monges para esconder carne durante o período de jejum religioso.
  • Spätzle: Uma massa de ovo suábia, Spätzle é um acompanhamento essencial da culinária regional. A massa é cortada em pequenas tiras irregulares e cozida em água fervente. É frequentemente servida com molho de carne ou simplesmente com queijo derretido, no prato conhecido como “Käsespätzle”, uma espécie de macarrão com queijo alemão.
  • Zwiebelrostbraten: Um prato clássico da Suábia, composto por um bife de carne bovina grelhado, coberto com cebolas douradas e crocantes. Geralmente é servido com Spätzle ou batatas assadas, e o molho é feito com vinho tinto ou cerveja, conferindo um sabor robusto e profundo.

Bremen: o encontro entre o mar e a terra

Bremen, uma cidade hanseática situada no norte da Alemanha, é conhecida por sua forte conexão com o mar e suas tradições comerciais. A culinária local reflete essa proximidade com o Mar do Norte, além de uma rica herança cultural que mistura pratos marítimos com influências rurais.

  • Bremer Labskaus: Um prato tradicional dos marinheiros, o Labskaus de Bremen é uma mistura de carne salgada, batata amassada, cebola e beterraba, muitas vezes acompanhada de arenque em conserva e ovo frito. Este prato nasceu nas cozinhas dos navios e se tornou uma iguaria regional, especialmente popular nas áreas costeiras.
  • Kohl und Pinkel: Um prato típico de inverno, especialmente durante a temporada de repolho, “Kohl und Pinkel” consiste em couve cozida (Grünkohl) servida com uma salsicha local chamada “Pinkel”, que é recheada com carne de porco, aveia e especiarias. É um prato substancial e reconfortante, muitas vezes servido com batatas e bacon.
  • Bremer Klaben: Este é um pão doce tradicional de Bremen, semelhante a um Stollen, mas mais denso e com muito mais frutas secas. O Bremer Klaben é especialmente popular durante a época do Natal e contém passas, amêndoas e cascas de frutas cítricas, sendo muitas vezes aromatizado com rum ou brandy.

Suíça Alemã: Fondue e Rosti

Na Suíça de língua alemã, a culinária combina tradições alpinas com a simplicidade dos ingredientes locais. Os pratos são ricos e perfeitos para o clima frio das montanhas.

  • Fondue: Um prato icônico da Suíça, feito com uma mistura de queijos derretidos, como Gruyère e Emmental, servidos com pedaços de pão para mergulhar.
  • Rösti: Um prato de batata ralada e frita, semelhante a uma grande panqueca, muitas vezes servido como acompanhamento para carnes ou vegetais.
  • Zürcher Geschnetzeltes: Carne de vitela fatiada finamente, cozida em um molho cremoso de vinho branco e servido com Rösti. É um prato típico da cidade de Zurique.

Áustria: a elegância dos Alpes

A culinária austríaca, especialmente na região de língua alemã, compartilha muitas semelhanças com a cozinha bávara, mas com sua própria sofisticação e um toque imperial.

  • Wiener Schnitzel: O famoso bife à milanesa, feito de carne de vitela, é um dos pratos mais conhecidos da Áustria e muitas vezes servido com salada de batata ou arroz.
  • Kaiserschmarrn: Uma panqueca doce e fofa, rasgada em pedaços e caramelizada, servida com compota de maçã ou ameixa. Este prato tem origem nos tempos do imperador austríaco.
  • Tafelspitz: Um prato tradicional de carne bovina cozida lentamente, geralmente servido com batatas, espinafre e molho de maçã com raiz-forte.

Conclusão: a diversidade dos sabores regionais

A riqueza da gastronomia alemã, austríaca e suíça é um reflexo da diversidade cultural e geográfica de cada região. Do sul ao norte, do leste ao oeste, e cruzando as fronteiras para a Áustria e a Suíça, cada prato conta uma história única, conectando tradição, história e sabores autênticos. Ao explorar esses pratos regionais, você experimenta mais do que apenas comida – você embarca em uma jornada através da história e cultura desses países fascinantes.

A história da gastronomia alemã: tradição e sabor

A gastronomia alemã é rica, diversificada e carregada de tradições que atravessam séculos. Ao longo do tempo, a culinária do país foi moldada por influências culturais, geográficas e históricas, resultando em pratos emblemáticos que continuam a ser apreciados não apenas na Alemanha, mas em todo o mundo. Venha conosco explorar a história dessa culinária única, suas influências, e como ela se transformou ao longo dos séculos.

Influências históricas e regionais

Da mesma forma que a Alemanha era formada, originalmente, por reinos distintos, a culinária alemã é, em grande parte, uma história de regionalismo. Cada região da Alemanha tem suas especialidades, influenciadas pelo clima, geografia e as culturas vizinhas. As receitas do sul, por exemplo, são profundamente influenciadas pela Áustria e Suíça, enquanto as do norte têm traços das cozinhas escandinavas.

Idade Média: caça, conservação e festas

Durante a Idade Média, a dieta dos alemães consistia principalmente em carnes de caça, grãos e vegetais. Como em muitas outras culturas, o pão era um alimento essencial, e a Alemanha, ao longo do tempo, se tornaria famosa por sua vasta variedade de pães. A técnica de conservação de alimentos, como a defumação e a salga, também era comum, pois permitia o armazenamento de carne para os longos meses de inverno.

Festividades e banquetes eram comuns, e pratos à base de carne de porco e aves faziam parte desses eventos. O “Leberwurst” (salsicha de fígado) e o “Sauerkraut” (chucrute) já faziam parte da dieta do povo durante esse período.

Renascimento e novos ingredientes

Durante o Renascimento, com o crescimento das rotas comerciais e a descoberta do Novo Mundo, novos ingredientes foram introduzidos à culinária alemã. O uso de especiarias como pimenta, noz-moscada e cravo se tornou mais comum nas cozinhas da elite. Pratos à base de carne de caça continuaram a ser populares, mas o acesso a novos ingredientes ampliou o repertório gastronômico.

Foi nesse período que o conceito de refeições mais elaboradas, com vários pratos, começou a tomar forma, especialmente entre a nobreza. As influências da culinária francesa e italiana também começaram a aparecer, especialmente em regiões como a Baviera.

Século XIX: industrialização e modernização

Com o avanço da Revolução Industrial, a produção de alimentos se tornou mais acessível e padronizada. As salsichas, tão emblemáticas da culinária alemã, passaram a ser produzidas em larga escala, e a tradição de comer “Bratwurst” e “Currywurst” nas ruas das cidades alemãs ganhou força.

Além disso, a produção de cerveja, uma das grandes tradições da Alemanha, passou a ser regulada com a famosa “Lei da Pureza” de 1516, que determinava que a cerveja só poderia ser feita com água, lúpulo e cevada. Essa lei é uma marca registrada da cerveja alemã, que continua a ser respeitada até hoje.

A influência das guerras e a diversidade contemporânea

A Primeira e a Segunda Guerra Mundial tiveram um impacto profundo na gastronomia alemã. Com a escassez de alimentos e a necessidade de racionamento, a culinária precisou se adaptar. Pratos mais simples e baratos, como o “Eintopf” (um tipo de ensopado), tornaram-se comuns. Mesmo após as guerras, muitos desses pratos permaneceram populares, refletindo a resiliência e criatividade do povo alemão em tempos difíceis.

Nas últimas décadas, a gastronomia alemã passou por uma nova transformação. A globalização trouxe uma enorme variedade de ingredientes e pratos internacionais para as mesas alemãs, resultando em uma culinária mais diversificada. Mesmo assim, as receitas tradicionais continuam a ser uma parte importante da identidade alemã. O “Sauerbraten” (carne marinada e assada) e o “Schwarzwälder Kirschtorte” (torta floresta negra) são apenas dois exemplos de pratos que mantêm viva a rica herança culinária do país.

Os ingredientes essenciais da cozinha alemã

A cozinha alemã tem uma base de ingredientes que são usados de norte a sul do país. Entre eles estão:

  • Batata: Introduzida na Europa no século XVI, a batata se tornou um dos alimentos mais consumidos na Alemanha. Ela aparece em pratos como “Kartoffelsalat” (salada de batata) e “Bratkartoffeln” (batatas fritas).
  • Repolho: Utilizado principalmente para o famoso chucrute, que acompanha pratos de carne.
  • Carnes, especialmente porco: Carne de porco é a mais consumida na Alemanha, aparecendo em pratos como “Schweinshaxe” (joelho de porco) e várias salsichas.

A celebração dos sabores regionais

Cada região da Alemanha tem suas próprias especialidades. Na Baviera, por exemplo, o “Weißwurst” (salsicha branca) é muito popular, enquanto no norte, pratos à base de peixe são mais comuns. Em outras regiões, o uso de vinho, especialmente na região do Vale do Reno, é mais pronunciado do que a tradicional cerveja.

A Alemanha moderna e a nova gastronomia

Nos últimos anos, a gastronomia alemã tem abraçado a modernidade e a diversidade. Restaurantes estrelados têm trazido uma nova perspectiva à culinária tradicional, criando fusões entre pratos típicos e influências internacionais.

Também na culinária do dia-a-dia percebe-se influência de sabores de fora da Alemanha, com destaque para a Turquia e a Itália.

Conclusão

A culinária alemã é um reflexo da história, cultura e diversidade de suas regiões. Desde as tradicionais salsichas e pães até as novas criações dos chefs modernos, a gastronomia alemã continua a evoluir sem perder suas raízes. O que torna essa culinária tão especial é justamente a combinação entre tradição e inovação, criando pratos que são ao mesmo tempo reconfortantes e cheios de sabor.

Se você é um amante da gastronomia, explorar a cozinha alemã é uma jornada que vai além do paladar, permitindo conhecer uma parte rica e fascinante da cultura do país.

Kartoffelsalat (Salada de batatas)

Kartoffelsatalt (salada de batatas à moda alemã). Foto: Marco Verch/ccnull.de

Um clássico da culinário alemã, a Salada de batatas varia de acordo com a região da Alemanha, sendo que a principal diferença que caracteriza a Kartoffel salat do sul e do norte do país é a maionese: no sul da Alemanha, a maionese não faz parte da receita, ao contrário do norte.

Aceita uma sugestão? Experimente fazer Kartoffelsalat dos dois jeitos!

Ingredientes:

  • 1Kg de batatas cozidas sem sal
  • 1 cenoura cozida cortada em cubos
  • 1 cebola picada finamente
  • 1 cubo de caldo de legumes dissolvido em uma xícara de água (200ml)
  • 1 colher (sopa) de mostarda amarela
  • 2 colheres (sopa) de vinagre
  • 1 colher de sopa rasa de açúcar
  • 100ml de azeite de oliva
  • 1 colher (chá) de sal (ajuste a quantidade ao seu gosto no final da preparação)
  • 1 colher (sopa) de salsinha picada
  • OPCIONAL: 1 maçã Fuji ou verde, sem casca, picada
  • OPCIONAL: Maionese de boa quantidade, a gosto
  • OPCIONAL: 2 ovos cozidos (gema dura), cortadas em fatias

Modo de fazer:

  1. Cozinhe as batatas até que fiquem macias, descasque-as e corte, ainda quentes, em cubos. Aproveite para cozinhar a cenoura descascada e corte em cubos. Reserve em uma tigela grande.
  2. À parte, dissolva o caldo de legumes na água quente e acrescente a mostarda, vinagre, açúcar e o sal.
  3. Derrame a mistura líquida na tigela das batatas e misture bem. Deixe marinando por alguns minutos (cerca de 15 minutos).
  4. Passado o tempo, acrescente a cebola picada, o azeite, a salsinha e os ingredientes opcionais (maçã e maionese). Misture delicadamente.
  5. Tampe e deixe na geladeira por pelo menos 2 horas para apurar o sabor.

Striezel

O Striezel (ou Strietzel) é um pão doce tradicional da culinária alemã e austríaca. Na região central e leste da Alemanha ele lembra o Stollen, mas na Bavária e Áustria ele é tradicionalmente trançado e também conhecido como Allerheiligenstriezel (Striezel de Todos os Santos), porque é feito para a Festa de Todos os Santos e a forma de trança é associada com os cabelos trançados, que expressam luto.

Ingredientes:

500g de farinha de trigo para pães
1 pitada sal
80gr de manteiga sem sal
80gr de açúcar de confeiteiro
1 gema de ovo
30g de fermento fresco para pães
250ml de leite morno
40g de uvas passas

Modo de fazer:

1- Em uma tigela, misture os ingredientes secos.

2- Amasse o fermento com um pouco do açúcar e acrescente o leite

3- Abra uma cova no meio da tigela com os ingredientes secos e despeje o fermento. Cubra a mistura com um pouco da mistura de ingredientes secos. Aguarde 10 a 15 minutos até que a cobertura de farinha comece a rachar.

4- Misture o conteúdo da tigela. Acrescente a gema. Sove por 10 a 15 minutos até a massa estar lisa e elástica. Cubra e deixe crescer por aproximadamente 30 minutos.

5- Acrescente as uvas passas e misture até incorporar. Divida a massa em 9 partes para fazer uma trança com 4 partes por cima de 3 partes por cima de 2 partes.

6- Deixe crescer novamente até dobrar de volume.

7- Asse por aprox. 30 minutos no forno pré-aquecido a 200 graus.

8- Pincele com a manteiga e polvilhe com açúcar de confeiteiro.

Stollen da Oma (Pão de Natal)

Stollen. Foto: pxhere.com

Você lembra do Natal quando vê um panetone? Na Alemanha, é o Stollen que provoca esta lembrança. O Stollen é um tipo de pão doce amanteigado, recheado de frutas cristalizadas, uvas-passas e amêndoas ou marzipã, mais úmido e de textura mais firme que o panetone, mas extremamente aromático e saboroso. O aroma do Stollen é o aroma do Natal para muitas famílias alemãs!

A origem do Stollen remonta ao final da Idade Média. Naquela época, o período de Advento (as quatro semanas que antecedem o Natal) era um período de penitência e neste período o povo era proibido de comer manteiga; por isso, as receitas eram preparadas com óleo de colza e ficavam pesadas e com gosto pouco agradável. Pior: na Saxônia, o óleo era muito caro e difícil de encontrar. Então os padeiros locais pediram que o Príncipe Eleitor pedisse ao papa que liberasse o uso da manteiga. O primeiro pedido, feito ao papa Nicolau V em 1450, foi negado. Um segundo pedido, feito a Inocêncio VIII em 1490 foi aceito e a manteiga foi liberada mediante o pagamento de uma taxa para a construção da Catedral de Freiberg. Para marcar a ocasião, os padeiros de Dresden desenvolveram a receita do que é hoje o mais conhecido Stollen, o Dresdner Christstollen, que é produzido até hoje por cerca de 150 casas especializadas que podem ostentar o selo de origem da iguaria.

Vocês vão notar que a receita da Oma usa grandes quantidades dos ingredientes… Era costume da família preparar o Stollen para presentear a família e os amigos. E também os vizinhos, pois o perfume do Stollen invade toda a vizinhança! Se desejar, diminua proporcionalmente os ingredientes para preparar quantidades menores.

Ingredientes:

  • 2Kg de farinha de trigo
  • 875g de manteiga sem sal
  • 300g de açúcar refinado
  • 875g de uvas passa pequenas, douradas e escuras.
  • Rum ou conhaque suficiente para marinar as uvas passas
  • 75g de cidra cristalizada
  • 75g de casca de limão cristalizado
  • 175g de amêndoas sem pele
  • 1/2 fava de baunilha (ou extrato de baunilha)
  • Casca ralada de um limão
  • 1/2 litro de leite morno
  • 1 colher de chá de essência de amêndoas amargas
  • 1 pitada de sal

Modo de fazer:

1- Alguns dias antes da preparação, misture o rum ou conhaque com as uvas passa e deixe marinando na geladeira.

2- Em uma tigela, coloque a metade da farinha e faça uma cova no meio. Dissolva o fermento com metade do açúcar e metade do leite, despeje na cova, cubra com farinha das laterais e deixe descansar por 10 ou 15 minutos, até a farinha sobre o fermento rachar. Enquanto isso, corte a manteiga (em temperatura ambiente) em pedaços e misture à outra metade da farinha com o sal.

3- Passado o tempo, acrescente o restante do açúcar e do leite e misture bem. Acrescente os demais ingredientes e a farinha misturada com a manteiga aos poucos, sovando por 10 a 15 minutos até a massa estar lisa e elástica. Cubra e deixe descansar até dobrar de volume.

4- Divida a massa em 8 ou 10 partes. Abra cada parte sobre uma superfície enfarinhada até formar um retângulo com 3 ou 4 cm de altura. Dobre a massa sobre si mesma no sentido do comprimento, deixando aproximadamente 1/4 sem cobrir. Coloque em uma forma untada com manteiga, cubra e deixe descansar por 1 hora em local aquecido e sem corrente de ar.

5- Asse em forno pré-aquecido a 160 graus por aproximadamente 1 hora, até que estejam dourados.

6- Depois de assado, tire do forno. Retire as uvas passa que ficaram de fora porque elas estarão ressecadas e amargas, e pincele a manteiga (que deve, ainda assim, derreter na superfície do Stollen). Finalize espalhando uma camada generosa de açúcar de confeiteiro com o auxílio de uma peneira fina.

7- Deixe esfriar completamente na forma. Em seguida, embrulhe em papel celofane e deixe descansando em local fresco e escuro.

Chucrute (Sauerkraut)

Chucrute / Sauerkraut. Foto: pxhere.com

Chucrute é quase sinônimo de alemão… Irônico, porque chucrute em alemão é Sauerkraut! O nome, na verdade, pouco importa: o fato é que o chucrute, que nada mais é do que uma conserva de repolho, é conhecido em todo o mundo e muito consumido, especialmente na Europa e nos Estados Unidos.

As origens do chucrute são bem antigas. Há relatos da prática de conservar o repolho em sal já na China de 2000 a.C e tratados romanos que falam do assunto. O chucrute chegou a Europa provavelmente trazida pelos Tártaros, povo que originalmente habitava o deserto de Gobi e migrou para o oeste, chegando à Rússia e Europa Central. A popularidade do chucrute deve-se também ao fato dele ser uma fonte de nutrientes disponível durante o inverno europeu e uma forma prática de alimentação durante viagens marítimas, combatendo, inclusive, males como o escorbuto.

O chucrute caseiro é um alimento saudável e muito benéfico ao organismo:

  • probiótico natural, com lactobacilos vivos (quando não pasteurizado e não cozido)
  • rico em enzimas e fibras
  • rico em vitaminas B6, C e K
  • rico em ferro
  • fonte dos antioxidantes luteína e zeaxantina, associados à boa saúde dos sistema ocular
  • remédio popular para tratar úlceras no estômago
  • a água do chucrute é um remédio popular contra aftas, usado para fazer bochechos, e o próprio chucrute costuma ser colocado sobre a afta para ajudar no tratamento.

Uma advertência: devido ao processo de preparação, o chucrute contém alto teor de sódio e de tiramina. Hipertensos e pessoas com problemas na tireóide devem consumir o chucrute com moderação.

O chucrute caseiro é muito fácil de fazer (bastam apenas alguns cuidados durante o tempo de fermentação) e acompanha muitos pratos.

Ingrediantes:

  • 1 repolho grande
  • 1 colher de sopa de sal marinho

Modo de fazer:

1- Lave muito bem o repolho e descarte as folhas externas e o miolo.

2- Reserve duas ou três folhas e corte o restante em tiras finas.

3- Tempere com o sal. Coloque tudo em um recipiente em possa ser colocada uma tampa ou prato que feche bem e aguente um peso, mais ou menos como uma forma de queijo, mas sem os furos. Prense bem para não ficar ar preso entre o repolho, coloque as folhas reservadas, a tampa e um peso por cima.
Deixe descansar em um local fresco e escuro por quatro dias.

3- Passados os quatro dias, retire a tampa e pressione com as mãos para tirar a água. Descarte a água e coloque o repolho em um pote hermético ou barrica de forma que o conteúdo preencha quase todo o recipiente, deixando cerca de um dedo entre a tampa e o conteúdo do pote.
Guarde o pote bem fechado em um local fresco e escuro, como antes. Aguarde pelo menos 15 dias para poder usar.

Dicas:
1- O chucrute fica mais saboroso com o passar do tempo, observando o prazo de validade de 6 meses.

2- Tenha muito cuidado com o processo de fermentação. As bactérias benéficas responsáveis pelo processo precisam de pouquíssimo oxigênio, razão pela qual o repolho deve ser bem prensado. Muito oxigênio (tampa inadequada, temperatura muito alta, pouco peso sobre a tampa) pode favorecer o crescimento de bactérias nocivas que farão o repolho apodrecer ao invés de fermentar.

3- As propriedades probióticas e a vitamina C desaparecem com o cozimento. Para contar com estes benefícios, consuma o chucrute caseiro cru. As opções disponíveis no mercado passam por pasteurização antes da embalagem e também não têm estes benefícios, salvo se houver instrução em contrário na embalagem.

Kümmel

Kümmel / Alcarávia. Foto: pxhere.com

As sementes desta planta são muito usadas na panificação para aromatizar bolos e pães, além de batatas, cenoura, couve, cogumelos e carnes. Condimenta queijos, salames, patê e saladas. A palavra alemã Kümmel deriva do latim cuminum, causando confusões com o cominho. O termo alcarávia deriva do grego káron, cujas origens são incertas, através do árabe al karawya. O nome italiano da alcarávia, comino tedesco ou cominho alemão, indica ser uma especiaria mais relacionada à culinária alemã. Especiaria picante e levemente adocicada, muito confundida com o cominho, o kümmel é originário da região compreendida entre o centro da Europa e a Ásia. Atualmente é cultivado no Leste Europeu, na Holanda e na Alemanha. É o tempero mais característico das culinárias alemã e austríaca e fundamental no preparo do licor holandês de mesmo nome. O kümmel é uma planta de até cerca de 60 cm, com folhas cobertas por uma penugem e flores brancas. Dela se utilizam principalmente os frutos, marrons, arqueados, rajados na parte externa e que guardam sementes aromáticas. As folhas e as raízes superiores entram no preparo de alguns pratos. Usado desde a Idade da Pedra, vestígios da especiaria foram encontrados em antigas paradas de caravana ao longo da Rota da Seda na Ásia. Na Europa, suas raízes eram comidas pelos romanos.
Outros Nomes: Alcaravia / Cariz / Cominho-Armênio / Cominho de Pão

Utilizando
A parte usada é a fruta. O kümmel é fortemente aromático. É fundamental no preparo do licor holandês de mesmo nome. Encontrados inteiros ou moídos, os frutos enriquecem o sabor de muitos legumes e são deliciosos com batatas, couve ou no tempero da manteiga. São usados para aromatizar pães, doces, sopas, carnes gordas, repolho, beterraba ou salsicha. No Leste Europeu acompanha queijos e tempera carnes e conservas de legumes. Na Inglaterra e na Hungria é muito popular em bolos e biscoitos. As folhas finamente picadas entram no preparo de saladas ou em pratos nos quais normalmente se usa salsa. As raízes cozidas são consumidas como legume.

Comprando
Os vidrinhos com o kümmel em sementes ou moído são encontrados em supermercados ou empórios. Verifique o prazo de validade no momento de comprar. Dificilmente encontram-se folhas e raízes de kümmel no país.

Conservando
Os frutos devem ser guardados em recipientes herméticos, em local arejado e protegidos da luz. As folhas e as raízes superiores podem ser guardadas na geladeira por pouco tempo.

Combinando
O aroma do kümmel não combina com muitas especiarias. Na Áustria e no sul da Alemanha misturam kümmel e alho para temperar carnes e legumes.

Preparando
O sabor característico dos pratos preparados no sul da Alemanha e na Áustria é obtido com a utilização desta especiaria, geralmente misturada ao alho para o preparo de carnes e vegetais ou pura nos pães. Outra utilização clássica pode ser observada no Chucrute (Sauerkraut) preparado com repolhos fermentados e junípero (Zimbro). No norte da África, especialmente na Tunísia, a alcarávia é utilizada no preparo de uma pasta apimentada chamada de harissa. Utilize o kümmel inteiro ou moído conforme as orientações da receita. Moa os frutos pouco antes de utilizá-los, pois seu aroma se perde rapidamente

Dicas
Os aficcionados utilizam o fruto inteiro mas o pó também é bastante aromático. Este tempero, se usado em excesso, pode parecer dominante e desagradável, devido ao seu aroma acentuado. Para reduzir este efeito, os frutos podem ser enrolados em um pedaço de pano ou em um saquinho de chá e removidos antes de servir o prato.

Uso Medicinal
Já foi utilizado no preparo de loções de combate à queda de cabelos, mastigado após as refeições e servido como chá para ajudar na digestão. Observação importante: Qualquer uso terapêutico deve sempre ser acompanhado por um médico.

Fonte: Fleishmann – Culinária doméstica